Era um sonho, eu tinha certeza. Estava em meu pequeno barco
em meio ao mar de minha cidade, estava pescando. Era de Tarde, o céu estava
amarelo e laranja. Eu podia ver a minha cidade de onde estava.
Apesar de o sonho ser bem realista, eu sabia que estava
sonhando. Eu raramente percebia isso. Em toda a minha vida, os meus sonhos eram
cheios de detalhes, era fácil eu me confundir com o mundo real.
De repente, foi nesse momento que eu tinha certeza mesmo que
estava sonhando... Um rosto de uma garota emergiu em minha frente na água. A
pele dela era morena como chocolate, tinha cabelos longos e pretos como a noite,
olhos verdes como esmeraldas e seu rosto era... Ela era linda. Aparentava a
minha idade (16 anos). Eu nunca teria imaginado ela.
Seus olhos miraram sobre mim, a luz do sol cintilava em seu
maravilhoso sorriso. Eu estava pasmo. Meus olhos quase podiam saltar. Quase
esqueci como se respira.
Depois, a mais bela voz que já ouvi na minha vida, invadiu os
meus ouvidos:
-Oi. – A voz era da garota. Ela ainda mantinha o sorriso.
Foi nesse instante que acordei, saltei da cama e olhei para a
janela, eu acordei antes que meu despertador tocasse. Eu acordei cedo, mas era
uma boa hora para começar o dia.
Depois que botei o meu uniforme da “Escola Hélio Gouveia” e comi
o meu cereal, peguei o caminho para mais um dia de aula.
Eu andava o caminho todo á pé... Era legal, sentia o ar puro
da manhã e ouvia os pássaros cantarem. Dava para sentir o delicioso cheiro do
mar de Rio Esperança.
O lugar não tinha grandes prédios de concreto, mas também não
era uma roça. Na costa, havia somente casas simples e algumas mais modernas,
subindo, as construções eram maiores, não era grande coisa, apenas lojas,
lanchonetes e alguns prédios de no máximo 6 andares. No meio da cidade havia
uma grande praça, mal cuidada, mas dava para as crianças e os casais passearem.
O que não faltava nessa cidade era pescadores, meu pai é um deles. Rio Esperança
era famosa por seu grande comércio pesqueiro, desde que os índios dominavam as
terras desse lugar, a pesca já existia. Eu também sou pescador, nas manhãs de
fim de semana sou eu e minha vara de pescar. Também havia muitos surfistas na
cidade, vinha alguns sub-famosos só pra experimentar as ondas da cidade.
Minha escola era bem grande, tinha um vasto pátio, dois
andares e uma grande quadra nos fundos. Quando cheguei, vi os meus amigos em
meio a grande multidão de alunos, e fui direto para eles... Durval, Alice e
Victor.
Durval e eu éramos amigos desde a infância, ele era o meu
melhor amigo. Ele tinha descendência indígena, seus cabelos eram lisos e batiam
em seu ombro. Ele tinha um belo sorriso. É um ótimo cozinheiro... Seus
biscoitos de chocolate crocantes eram os melhores que experimentei em toda a
minha vida. Ele também era surfista, o que tornava ele bem musculoso.
Trabalhamos juntos na lanchonete César
lanches.
Eu conheci o resto dos outros dois no ensino fundamental.
Conheci Victor no segundo ano. Ele não fala muito. Ele adora Love Metal e mangás. Ele era legal, mas
quase sempre está meio chateado e cansado. Ele tinha cabelos cor de bronze, um
queixo firme e quadrado, e ele era albino, de tom pálido... Da para perceber
que ele não vai muito à praia.
Alice é uma figura. Tagarela, fofoqueira e simpática, ela
espalha alegria por onde passa. Ela sabe de tudo que acontece na escola. Muitas
garotas da escola não gostam dela, suas amigas verdadeiras estudam em outra
escola na cidade vizinha. Ela usa óculos, seus cabelos eram lisos e pretos. Ela
tem um blog muito frequentado chamado Alice
X, onde expressa suas opiniões e faz comentários de notícias abrasadoras.
Juntos formavamos o "quarteto dos esquisitos".Eles eram os meus grandes e únicos amigos de verdade. Eu os
amava como se fossem irmãos emprestados. Esse ano não estava mais na sala deles,
havia duas turmas em todas as séries da escola.
Durval, como sempre, foi o primeiro a me ver, e deu aquele
sorriso maroto como sempre... Incrivelmente, ele já sente a minha presença.
-Oi Yan. – Disse ele
-Oi galera. -Eu disse.
E conversamos sobre o que fizemos no fim de semana, e outras
bobagens. Alice era a nossa fonte mais vital de conversa, papo é que não faltava.
O sinal tocou. E me despedi deles. Fui para a minha sala, que
como sempre estava havendo muita baderna, eu me sentei no primeiro lugar vazio
que encontrei. Suspirei, pensando no que ia fazer.
Então o professor de matemática, apelidado vulgarmente de Almeidão, chegou.
Ele era bem... Obeso, quase não tinha pescoço. Mas era um cara legal... Exceto
quando a turma ficava de bagunça.
Então ele veio com uma aluna nova... Todos os meus neurônios, de repente, pareceram sofrer um apagão de apenas 2 segundos... Eu já
a vi em algum lugar... Mas não me lembrava de onde era. Eu tentei lembrar...
O meu raciocínio foi interrompido, quando o professor berrou:
-Atenção!- A turma imediatamente parou, e todos ficaram
quietos e voltaram para os seus lugares. -Turma, essa é a nova colega de vocês,
Juliana Waneck. - Ele se virou para ela. – Pode se sentar e seja bem-vinda.
A garota estava meio sem graça, mas agradeceu e obedeceu. Todos, estavam com os olhos colados na nova figura que andava em meio á sala.
Tive outra surpresa... Ela se sentou do meu lado. Ela usava
uma calça jeans justa e em seu braço esquerdo havia pulseiras de prata bem
finas. Seu corpo era perfeitamente esculpido e era cheio de curvas... Sua blusa
grudava bem em seus seios.
Ela olhou para mim, e deu um belo e estonteante sorriso. Foi nesse momento que uma bela voz familiar invadiu – De novo
- os meus ouvidos, que sobressaltou a minha mente:
-Oi. –A voz é dela.
Era a garota do sonho que tive ontem á noite! Eu por um
momento tive um choque, mas me recompus e disse:
-Oi.- Minha voz saiu rouca.
-Gostei do seu cabelo. Ele é embaraçado naturalmente ou
você...
-É natural. -Interrompi.
-Qual é o seu nome?- O seu sorriso ainda estava estampado,
seus dentes eram brancos como pérolas.
- Yan Moreira. - Eu disse meio sem jeito
Ela estendeu a mão e a cumprimentei.
O professor bateu no quadro e todos os blábláblás acabaram de
vez.
-A aula já começou!-Berrou o professor.- Se não quiserem me ver na recuperação, sugiro que tomem postura.- Adverteu ele.
Então, eu e Julia voltamos a prestar atenção na aula no mesmo
instante (Não queria provocar a ira do “Almeidão”)... Mas não conseguia me
concentrar, só pensava em Julia e copiava o quadro como uma máquina.
E nesse momento, logo senti que minha vida iria mudar extremamente.
E nesse momento, logo senti que minha vida iria mudar extremamente.