sábado, 20 de abril de 2013

Capitulo.6. Perigo (parte 2)


Se achava o começo do dia um terror, nem pude imaginar o que viria a seguir. Eu me foquei em apenas um medo e acabara esquecendo de outro.
Eu acordara 15 minutos antes do despertador. O gosto do cereal parecia água. O sol da manhã e a brisa do mar eram nada.
Meus dedos não paravam de voltar para o lugar onde recebera a dentada imaginária... Era tão real...

Logo quando cheguei na escola, fui abordado por uma pessoa... Não era Vinicius... Era o Bruno...

-Yan, meu chapa, vamos conversar?- Ele pôs o braço em volta do meu ombro e me levou pro canto do pátio, onde havia um circuito de encanamentos que passavam por um pequeno telhado que cobria uma parte do muro frontal da escola. Engoli em seco. Sentia perigo.

Bruno era quase da cor do café, ele era 4 centímetros maior do que eu, corpulento, e hoje, usava um boné preto com detalhes vermelhos. Ele me pôs contra a parede, e sua simpatia se desfez em um rosto sério. Logo falei:

-Eu juro que não conto pra ninguém.- Eu sussurro.- Sou um túmulo, eu...
Ele pôs um dedo na minha boca, interrompendo.
-Calma, Yan.- Sua voz era suave, mas letal.- Eu sei que você tem interesse... Em experimentar...
-Alto lá, escuta, respeito a sua escolha, mas não curto drogas...- Meu desespero soava na minha voz.
-Há, mas desse jeito não dá...
-Por favor, Bruno, confie em mim. Não conto nada, eu juro, eu jur...
Ele bota o dedo de novo nos meus lábios. Estava grato pelos seus dedos estarem limpos.
-Eu acho que tem outro modo de eu confiar em você.- Ele passa a mão no meu rosto, seus dedos percorrem a minha orelha, minha mandíbula e meu queixo. O sorriso vulgar respondia tudo.- Loirinho.- Então da outra mão, discretamente, vi uma faca.

Não gritei... Vi Julia atrás de Bruno...
Aconteceu muito rápido. Vi os dedos de Julia fazerem movimentos no ar. Um pequeno apito bem lá no fundo do meu cérebro me fez abaixar, cai no chão. Um jato de água verde e podre atingiu Bruno. Corri por minha vida. Nem sabia se Bruno estava atrás de mim.

-Yan, calma, o que aconteceu?- Durval puxou o meu braço, e me fez parar.

Cai em lágrimas, abracei meu melhor amigo. Todos olhavam pra mim. Bruno estava caído do outro lado. Julia olhava pra mim... Pude ler os pensamentos dela de longe... Ela sabia o que aconteceu... Não sei porquê, mas eu sabia que ela fez alguma coisa... Ela tinha me salvado...
Não conseguia falar nada.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Capitulo.6. Perigo (Parte 1)


Eu via luz. Eu andava em um pátio. Era a minha escola, os alunos todos estavam lá. Perto da grande soleira que leva ao segundo andar, vi Julia, bonita e reluzente como sempre, seu sorriso me convidava. Andei em sua direção.

A cada passo, a luz diminuía pouco a pouco, pude ver os rostos com mais nitidez... Julia e todos olharam  para uma só direção atrás de mim... Vi espanto, medo... Meus amigos e seus irmãos pertenciam no mesmo cenário, que escurecia, conforme dava cada passo.

Olho pra trás... AAAAAAAAAAAAAAAH... Eu grito. Vejo olhos azuis, bem fosforescentes, como luzes de neon, a pupila... Era felina. Era um rosto humano, um rapaz... Mas não era. Ele sorriu pra mim. Vi três fileiras de dentes afiados. O monstro avançou em minha direção como um felino em caçada.

Eu corri por minha vida, ouço um rosnado, mãos me empurram por trás, destinando o meu corpo contra o chão de pedra. Mas, antes de me chocar, sinto dentes... Vinicius morde o meu pescoço...

Eu acordo, todo ensopado de suor... Tão real... Era apenas um sonho, apenas um sonho, apenas um sonho...

sábado, 13 de abril de 2013

Capitulo.5. Rodeios


Meus pais perceberam algo diferente em mim, quando fui jantar. Dava respostas automáticas, dizendo que estava bem. Eu forcei sorrisos, só pra dar a falsa impressão que estava bem.
Mas não consegui guardar, e logo falei:

-Uma garota.

5 minutos de silêncio. Era raro eu me apaixonar. Ainda tenho aquela lembrança devastadora da vez que me apaixonei por uma professora... Talvez seja por isso que perdi interesse em ter relacionamentos, só mais tarde fui saber o quanto manchei a minha reputação.

-Alice?- Minha mãe falou. A única que conhecia os meus amigos.
Fico vermelho ao ter esse pensamento.
-Não, não... É uma garota nova. Ela é bonita, e... Rica.- Eu abaixo a cabeça.
Meu pai nada fala. A mão da minha mãe pousa em cima da minha.

-A garota gosta de você?- Ela fala.
-Sim, somos amigos, mas... Tem um cara. E também... Parece que os dois tem um lance...
-Filho, não se sinta inseguro. Você tem tantas chances quanto... Qual o nome do cara?
-Vinicius.- Quase pronuncio como um palavrão.
-Filho, não se sinta mau. Se não acontecer, não é pra acontecer. Essa não será a ultima vez que você se apaixonara... E ajudaria muito você, se corta-se o cabelo. Qual foi a ultima vez que você cortou?

Eu fico vermelho. Nos últimos 5 anos, apenas aparo o meu cabelo com a tesoura. Não chego perto de uma máquina a séculos.

Meu pai me da um sorriso encorajador. E sorrio de volta.

Depois do jantar, fui pro meu banheiro, e tirei de uma caixa velha, a máquina de cortar cabelo. Fiz rodeios tentando começar a cortar... Por que eu o não fazia? Fiquei me olhando no espelho. Não conseguia, não conseguia... Parecia haver uma barreira na minha mente. Não queria corta-lo. Eu gostava dele. Não sabia dizer se era bloqueio psicológico... Será que Julia gostava do meu cabelo?

Desisti. E voltei a fazer o meu dever de casa. Quando terminei, adormeci... Com Julia em meus pensamentos... Aos poucos, sonhei... E Vinicius transformou meu sonho, em um pesadelo...