domingo, 30 de dezembro de 2012

Capitulo.4. Medo e dúvida


-Yan, na moral... Você está pensando "nela"?- Durval deu tanto ênfase na palavra que acabei me dispertando da minha onda de pensamentos.

Olhei pra ele, sem saber o que falar. Mau tive chance de mentir:

-Cara, algo me diz que você e ela não vão dar certo. Você não acha que esses Wanecks tem algo de estranho?
Faço uma careta pra ele.- Olha quem fala. Um surfista que prepara biscoitos caseiros todo final de semana também não é muito comum.
-Veja bem, conhece mais alguém que tenha mais de "três filhos" nessa cidade?
-Bem... Tem a avó de Alice...
-Que seja da geração de nossos pais.- Ele arqueou uma sobrancelha.
-Não.- Acabo confessando a minha derrota.
-E não acha que a natureza foi muito generosa com eles? E sem falar que eles tem nenhum parentesco. Eles tem nenhuma espinha, já notou?
-Ta falando da beleza?
Ele me responde com um aceno de cabeça.
-Ora Dur, se alguém consegue bancar 6 filhos adotivos, também seja provável que eles também possam bancar uma boa higiene visual.
-Mas ainda não acha muito estranho?

Eu encaro ele, cheio de interrogações. Já vi muita coisa estranha, mas pelo que se sabe, duvidar nunca é demais.

-Você acha Julia bonita demais para mim?- Convoco essa pergunta do nada.
-Han... Bem, já vi muitos casais bizarros. Mas tem que levar em conta que o que você acha que sente, deve ser apenas ilusão.
Dou um súspiro, e me sento na cadeira. Durval parecia que ia dizer mais alguma coisa, porém, não falou e continuou esfregando o chão. E não falamos mais depois disso.
Uns 5 minutos depois do fim do nosso turno, Carl e Manu (Os funcionários noturnos) entraram em nossos lugares.
-Valeu, cara.- Disse Durval, não dando o seu melhor sorriso e me dando um cumprimento.
-Valeu.- Falei, pensativo ainda.

E andei pra casa, o sol estava quase sumindo no horizonte, pude ver o céu ganhar um pouco de púrpura. Então, percebo que estou entrando num trecho deserto de uma das ruas principais da cidade.
Para a minha má sorte, vejo num bêco, uma roda de Crack. Não era a primeira vez que isso acontecia, geralmente, eu passava tranquilo, bastava apenas não encarar os usuários e os traficantes.
Mas algo me fez olhar logo no dia errado, pois reconheci um dos rostos... Bruno Nascimento. Ele é o tipo de cara que é marrento, brigão, repetente e do grupo do fundão.
Quando desviei o olhar, vi que era tarde demais, a fração de segundos que nossos olhares se encontraram dava pra ver que ele também me reconheceu.
Fingi que vi nada, e continuei o meu caminho. Para a minha sorte ninguém me caçou... Hoje.

E cheguei em casa.
-Oi querido!- Falou a minha mãe enquanto preparava o jantar.
-Oi mãe.- Falei
-Tudo bem?
-Sim.- Na verdade estava com medo e dúvida. Me esforçei pra parecer mais um dia comum.
Mas ela não se enganou, na hora que ela iria começar um interrogatório, subi direto pro meu quarto. Para a minha sorte, ela não me chamou e nem veio atrás de mim.
Cai na cama, tapei o meu rosto com o travesseiro e dei um grito abafado... Pois as imagens de Julia não saiam da minha cabeça.