terça-feira, 20 de novembro de 2012

Capitulo.3. Eu conheço o meu rival


Depois do recreio, Julia e eu voltamos a andar juntos. Ela puxou conversa, estava fazendo comentários sobre a nova escola. Não conseguia desgrudar os olhos de seu belo e incrível sorriso... Apenas dava respostas curtas, eu me alienei na conversa.

Na sala, mal prestava atenção na aula. Julia me distraia fácil.Essa garota esta a cada segundo me bagunçando. Seus movimentos eram suaves como as ondas do mar. O jeito como ajeitava o cabelo parecia o de uma princesa. Daria tudo pra ser a caneta que ela botava na boca quando pensava, enquanto tentava resolver um problema de matemática.





Mas minha inveja ia além da caneta... Notava os olhares dos dois galinhas da turma: Jairo Ferreira e Raphael Duarte... As cantadas deles pareciam fazer efeito nenhum á Julia, ela simplesmente dava um gelo neles... Mas ainda assim me incomodava..." Seu pai é açougueiro? Porque você é um tremendo filé","O seu nome é Thaís? Porque você Thaispetacular"... Cantadas baratas... Bufei.
 
Nem percebi que a aula acabou. Eu não estava nada ansioso que acabasse.

-Acabou.- Julia solta um súspiro, depois que o sinal parou de tocar e metade da turma já estava lá fora.
-É, acabou.- Eu guardava o meu material sem pressa, Julia fazia o mesmo.
-Tem mapeamento na sala?
-Não... Tinha, mas ninguém respeitou, e os professores também não falam nada, então...- Dei de ombros.
-Na minha antiga escola quem não obedecia acabava na sala da diretora.
-"Diretora"?- Levantei uma sobrancelha
Julia fez uma careta.- Machista.- Ela zoou
-Tem que admitir que é bem incomum, você já viu uma "pedreira"?
-Já.- Julia cruza os braços.- Mas o que um lugar cheio de...
-Não, to falando de uma mulher que faz um trabalho braçal numa construção.
-Ha! Sim... Nunca vi, mas você não sabe se existe.
-Isso é impossivel.
-Preconceito, preconceito, preconceito...- Enquanto falava isso, batia dois dedos na palma de sua outra mão.
Eu faço uma careta. Ela me corresponde com outra e aperta uma de minhas bochechas.
-Você é impossivel quando quer.- Falei.
-Eu tento.- O tom dela é de falsa modéstia.

Eu rio baixinho, enquanto boto minha mochila nas costas:
-Vamos?
-Vamos.- Ela fala ainda sorrindo.

E fomos para o pátio. Estava todo mundo indo embora. Vi meus amigos perto de uma das arvores perto da entrada. Fora dos muros da escola estavam os irmãos de Julia. Os dois grupos olhando pra nós. Percebi que havia uma figura nova no grupo dos Wanecks...

Como num filme de suspense, pareceu não haver som. Julia correu na direção de seus irmãos. Eu apenas fiquei parado, assistindo tudo. Julia acaba dando um abraço de "Que saudade" no misterioso rapaz que não era da escola. Senti o meu coração se contorcer.

Se achava Jairo e Raphael a concorrência, essa misteriosa figura me detona... Enquanto ele teria um arsenal nuclear, eu só tinha um estilingue... A pele dele tinha um leve bronzeado, musculos bem definidos, rosto meio retângular, queixo quadrado com uma covinha, nariz reto e fino, cabelos negros como a noite. Usava uma camiseta azul clara, um short preto, chinelos e óculos escuros. O ponto que achei mais clichê foi o topete... Uma pequenina parte de mim ri em silêncio lembrando do vampiro metrossexual que brilha no sol... Resumo da ópera: As mina piram com ele.

-Tchau Yan!- Gritou Julia pra mim.
E a frota dos semi-deuses vai embora, sorrindo e rindo. E eu, no vácuo. Fui idiota em não perceber que minhas chances com Julia eram zero.
Mau percebi que Durval, passou um braço pelos meus ombros, e batendo no meu peito, bem em cima onde meu coração estava se deteriorando e queimando ao mesmo tempo.
-É a vida cara.- Fala ele, tentando me conssolar.- Sinto pelo seu...
-Tudo bem cara, eu vou sobreviver.- Dei falsa garantia.
-Tem certeza que não quer que eu arrume... - Alice começou a falar.
-Não Ali, suas amigas são legais, mas tipo, não rola.- Estremeci ao pensamento de namorar uma das Alice-pets... Lindas, mas poucos aturam.
-Eu vou "ovar" a casa do vereador Xóxó, se quiser, pode estravazar...- Victor falou.
-Obrigado Victor, mas não.- Estava longe de minhas espectátivas de fazer uma "aventura" com a "Gangue dos Revoltados".
-Quer ir surfar depois do trabalho? Refresca a alma.- Sugeriu Durval.
-Gente, é sério, vou ficar bem.- Forçei um sorriso falso, e sem perceber, deixei uma lágrima escapar.

Depois de muito paparico dos meus amigos, fui trabalhar. Para a minha infelicidade, a lanchonete não estava muito movimentada, e minha cabeça estava cheia de "Julias". Durval desistiu de tentar me conçolar, e me deixou pensar. Se ele fosse Alice, estaria puxando o meu saco ainda.

Acabo ficando sem ar, quando a frota de Julia surge nas vidraças da lanchonete, foi só o seu olhar esverdeado encontrar o meu que:
-Yan!
Ela corre entrando no estabelecimento, indo em minha direção. Por incrivel que pareça o meu coração pareceu ter vida de novo. Os pelos de meus braços se eriçaram ao ouvir o meu nome ser pronunciado numa voz com tanta vida.
-Você trabalha aqui?- Ela pergunta, enquanto os seus irmãos entram.

Eu estava atrás do balcão, a caixa registradora roçava o uniforme do meu trabalho, mau percebi que a máquina fez um "Plim"... Como abri essa coisa?

-Han... Sim, eu trabalho.- Falei dando um sorriso nervoso.
Durval observava tudo enquanto limpava com o esfregão, uma expressão nêutra.

-Então você é o Yan!- Disse Gabriel, um sorriso ensolarado. Ele aperta a minha mão, cheio de energia.- Sou Gabriel.
-Prazer.- Ainda estava absorvendo tudo o que aconteceu.
-Sou Cecília.- Se apresenta a melhor amiga de Julia e namorada do garoto-sol.
-Ela é perigosa, cuidado.- Brincou Daniel, mas ela acaba dando tapas no ombro dele.
-Seu inútil.- Zomba ela.
-Sou Daniel, por favor, não me chame de...
-Gnomo!- Julia, Gabriel e Cecília zoaram juntos.
Eu ri um pouco.
-Sou Sara.- Disse a loira, sorrindo.
-Sebastian.- Disse o moreno, sério. Pude jurar que seus olhos diziam, "Estou de olho".

Mau tive tempo de engolir seco, quando o suposto namorado de Julia foi falar comigo, seus olhos cobertos pelo óculos preto me faziam ver um rosto nêutro. Sabe aquele momento quando se interage pela primeira vez com o inimigo, e no fundo prevê uma guerra agitada... Esse era o momento.
-Vinicíus.- Ele me estende a mão, e me da um sorriso torto... No fundo, sabia que o sorriso era artificial. Como sou educado, apertei a sua mão. Nesse instante todo mundo ficou quieto, até Durval assistiu minha mão entrar em contato com a do cara que tomou a garota que me apaixonei.

-Bem... O que temos no cadárpio...- Sara, enfim, quebra o silêncio olhando pro menu.

Depois de eu fazer dois sanduíches e sete sucos, a frota de Julia se despede. E Julia me dá um beijo na bochecha.
-Até amanhã Yan.- Fala ela.
E vai embora, junto com os seus irmãos, as expressões á sua volta eram insignificantes. Ela piscou um olho e se foi... Pude perceber antes de sairem do meu campo de visão, Vinicíus me encarando, nada amigável.

Ainda voltava pro planeta Terra. Sim, eu estava apaixonado por Julia. Um amor tão forte quanto os dos filmes da sessão da tarde . Poderia estar vomitando arco-íris ou borboletas. Meu coração podia arrombar minhas costelas. Nunca senti isso por ninguém. Claro que já gamei por algumas garotas e uma professora - Detalhes, eu não darei agora-, mas Julia era diferente, era algo mais forte, mais... Mágico. Minha bochecha ainda queimava com a sáliva de seu beijo, meus pelos mau respeitando a gravidade... Era claro como água, é o amor.